Boletim

140 anos do livro “Origem da família, da propriedade privada e do Estado”

Publicado em 1884 por Friedrich Engels, trata-se da obra marxista mais importante para a explicação histórica da opressão feminina. Demonstrando como as relações entre homens e mulheres se modificaram conforme o desenvolvimento da capacidade humada de intervir na natureza e como isso refletiu nas diversas formas de organização da família até a monogamia e na passagem da barbárie a civilização.

Na tese do MFPA emancipação da mulher é obra da revolução proletária” apresentamos um breve resumo que diz:

“Nas primeiras formações sociais humanas (as gens), predominou por séculos o matriarcado, onde a mulher tinha preponderância e grande importância política e social. O matriarcado era a forma de organização das primeiras famílias humanas anteriores ao surgimento da propriedade privada. O surgimento da propriedade privada, derivado da formação de excedentes da produção, modifica de maneira profunda as relações sociais existentes. Os homens começam a transformar os vencidos nas lutas entre os grupos pela sobrevivência, em escravos, para suprir as maiores necessidades de mão de obra. Nesse momento ao homem, a quem na divisão do trabalho até então cabia principalmente a caça, pertenciam portanto, as ferramentas e utensílios necessários para sua função; e pertenciam por sua vez à mulher os utensílios ligados à sua função de trabalhar principalmente na agricultura e no trato das coisas domésticas. Assim, a nova divisão do trabalho vai gerar a preponderância masculina. Com a produção de excedentes coloca-se de maneira distinta o problema da herança que antes passava pela linhagem materna, e não havendo excedentes de produção, era composta de poucos utensílios. Com a produção de excedentes, sob propriedade dos homens, esses vão buscar também o reconhecimento da herança para seus filhos e a sociedade passa a se organizar segundo a linhagem paterna. Dessa forma ‘O desmoronamento do direito materno, foi a grande derrota histórica do sexo feminino em todo o mundo. O homem apoderou-se também da direção da casa; a mulher viu-se degradada, convertida em servidora, em escrava da luxúria do homem, em simples instrumento de reprodução.'(Engels). O desenvolvimento do patriarcado atinge nossos dias e para fazê-lo valer foi necessário alterar tradições ancestrais, substituindo-as por outras aplicadas a partir do ponto de vista da sociedade dividida em classes. Dessa maneira, as mulheres passarão a sofrer dois tipos de opressão: sua opressão enquanto classe e a outra enquanto gênero. E os diferentes modos de produção se aproveitaram dessa situação a seu favor sendo que no capitalismo o trabalho não pago doméstico efetuado pelas mulheres têm o importante papel de reduzir o valor da força de trabalho e aumentar o lucro do capitalista.”

A preocupação de Engels sobre a opressão feminina ultrapassou o aspecto teórico e estando ele profundamente vinculado com o movimento operário, acompanhou, na Alemanha, a luta de destacadas lideranças comunistas como Clara Zetkin que travavam hercúleos esforços para organizar a luta sindical das mulheres e pela sua incorporação ao Partido Social-Democrata Alemão. Luta que se elevou até os congressos da II internacional, tendo como resultado uma grande incorporação feminina aos Partidos Comunistas.

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