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EDITORIAL da primeira edição da revista NOVA AURORA

Com imensa satisfação e otimismo revolucionário o MFP – Movimento Feminino Popular lança a primeira edição da sua Revista Nova Aurora. Ela é fruto de um projeto no qual trabalhamos há alguns anos, para que ascompanheiras e os companheiros tenham em mãos ummaterial de formação política que deve ser amplamente usado em grupos de estudos e formação das mulheres do povo. É necessário que nos lancemos nas batalhas políticas e teóricas com convicta posição de classe contra toda tergiversação reacionária que pretende manter a mulher presa aos grilhões milenares da família como célula econômica, do trabalho doméstico individual e alienante, e das perspectivas estreitas das quatro paredes do lar. Combater também, como uma outra face da mesma moeda, as concepções oportunistas do feminismo burguês e pequeno-burguês que apregoa uma falsa ideia de que é possível que as mulheres se libertem, dentro dos marcos do sistema capitalista. As mulheres têm o mundo a ganhar, devemos rasgar o véu do preconceito e da subestimação e noslançar à conquista de um mundo novo. Com esse objetivoapresentamos a revista, para travar um debate marxista com todos que estejam seriamente dispostos.

De forma muito especial, nesta ocasião rendemos nossa homenagem a grande dirigente e fundadora do MFP, Sandra Lima, falecida em julho de 2016. A companheira nos deixou a força do seu exemplo e de convicção comunista. Foi idealizadora da Revista Nova Aurora e nos deu a tarefa de publicá-la. Assim, com a altivez que nos ensinou, cumprimos a tarefadeste lançamento conforme nos ordenou nossa firme comandante e querida companheira. A ela dedicamos esta publicação.

Diante do momento da História Universal que abreum decisivo e novo período de revoluções, saudamos energicamente as massas exploradas e oprimidas do mundo, e em especial a nossa classe, o proletariado internacional, reconhecendo nelas a poderosa força de fazedoras da História! Saudamos especialmente as mulheres proletárias, camponesas e demais classes revolucionárias. Nas lutas do povo, da história e na atualidade, as mulheres desempenham papel decisivo em todas as frentes de batalha e é aterrorizante para o imperialismo e todos os reacionários o vulcão em erupção expresso em sua fúria revolucionária.

Saudamos a Heroica Resistência Palestina e cada uma das suas forças integrantes por sua contraofensivaempreendida com audácia, bravura e heroísmo com o Dilúvio de Al-Aqsa, de 7 de outubro de 2023. Esse foi magistral e contundente resposta às décadas de invasão,rapina, humilhação, opressão, massacres e expulsão do povo palestino. Esse fato militar desmascarou por completo para o mundo inteiro a verdadeira facegenocida e fascista do Estado colonizador de Israel. Da mesma forma desvelou sua condição mercenária de cão de guarda do imperialismo ianque; arrancou de vez o véu criminoso que sempre buscou ocultar o holocausto do povo palestino. É o grito de dor e de guerra do heroico povo palestino que ecoa e retumba irresistível até aos céus, conclamando aos oprimidos da Terra a lutarem para derrotar o imperialismo e toda a reação. Demonstra de forma inapelável o heroísmo dos homens, mulheres, jovens, anciãos e crianças, combatentes de um povo indomável que não se rende. Fortalece profundamente a libertação nacional contra o imperialismo, une mais forças democráticas em torno da causa da Nação Palestina. É demonstração cabal de que a guerra de libertação nacional é base da Revolução Proletária Mundial, golpeando duramente a cadeia de dominação imperialista

Por isso mesmo a edição inaugural da Nova Aurora não poderia deixar de destacar nossa homenagem às inquebrantáveis mulheres palestinas com o artigo UmmSaad–o retrato do heroísmo da mãe palestina e analisamos o desenvolvimento da situação revolucionária no mundo com destaque para Heroica Resistência Nacional no artigo sobre a situação política internacional. Nesse mesmo artigo, demonstramos a crise de decomposição sem precedentes do sistema imperialista e como as massas resistem em todo a parte, de como a tendência histórica e política no mundo é para a Revolução. Saudamosas massas proletárias, de imigrantes, a juventude, estudantes, intelectuais, que lutam desde as entranhas do imperialismo lançando sua fúria contra essa velhaordemapodrecida. Como parte decisiva da Revolução Proletária Mundial, particularmente da sua direção, saudamos a fundação da LCI–Liga Comunista Internacional e as Guerras Populares em curso, dirigidas por Partidos Comunistas Maoistas, no Peru, Índia, Turquia e Filipinas e para que todos conheçam um exmplo desse caminho luminoso, num dos países mais populosos do mundo, trazemos “As mulheres na Revolução Indiana”. Ao mesmo tempo saudamos com entusiasmo revolucionário a convocação e debates para fundação da LAI – Liga Anti-imperialista, a qual trabalharemos firmes e decididas para sua exitosa concreção.

Com toda nossa decisão de fazer a revolução em nosso País, como parte da revolução proletária mundial, saudamos nossa classe proletária, especialmente as mulheres do nosso heroico povo, as operárias, as camponesas, as trabalhadoras do comércio, do transporte e demais serviços, as professoras e demais trabalhadoras funcionárias públicas, as trabalhadoras domésticas e donas de casa, as estudantes, as profissionais liberais, as intelectuais e artistas progressistas e pequenas e médias proprietárias, saudamos as jovens, as adultas e as anciãs, saudamos todas as crianças de nosso País, afirmando a esperança de um Novo Mundo com a certeza da luta classista e revolucionária. No artigo sobre a situação política nacional analisamos a situação revolucionária em desenvolvimento no País. Diante da pugna e conluio das forças da extrema-direita, direita tradicional e do oportunismo, e da crise militar sem precedentes, que

são expressão direta da decadência das instituições –sepulcros caiados – desse velho Estado semicolonial e semifeudal de grandes burgueses e latifundiários, serviçais do imperialismo, principalmente ianque, chegaram à completa desmoralização. Cada dia fica mais claro para as massas em luta que o governo de coalizão do oportunismo com a direita tradicional, acovardado de enfrentar os generais, segue aplicando o mesmo programa do imperialismo, de aprofundamento sua dominação sobre a nação. Somente mobilizados e organizados, trabalhadores, trabalhadoras e juventude, podemos combater e derrotar a ofensiva contrarrevolucionária preventiva e potencializar o inevitável levantamento das massas, defendendo as liberdades democráticas e conquistando nossos direitos.

E as massas, que nunca deixaram de lutar, combatem. Nas cidades, as mulheres proletárias das vilas e favelas encaram toda brutal violência policial com suas chacinas incessantes perpetradas contra seus filhos e filhas em prol dessa velha ordem. A juventude das periferias, em sua maioria preta, é alvo permanente das forças repressivas, e com a restrição de todos os seus direitos e imposição da cultura imperialista de alienantes individualismo, hedonismo e niilismo, resiste. Numa crescente tem se desenvolvido as mobilizações das massas, nas lutas estudantis contra o “novo ensino médio” e em defesa do ensino científico nas escolas e universidades e contra sua privatização. As inundações assolaram cidades e vastas zonas rurais do Rio Grande do Sul. Enquanto as autoridades governamentais, em todos três níveis, discursam e posam de benfeitores e brigam pelo controle e uso das verbas liberadas para o socorro, as massas exercem a solidariedade popular, principalmente onde se constituíram comitês populares e comprovam mais uma vez que podem por meio de sua organização e união reconstruir suas vidas diante do absoluto descaso dos sucessivos governos em prevenir tantas tragédias anunciadas. Saudamos as grandiosas lutas camponesas pela terra em todo o País, que são expressão da mais combativa e consequente luta das massas, e, especialmente, as mulheres camponesas, quilombolas e indígenas, que cumprem papel destacado. No Norte do País, em batalhas sangrentas, os camponeses e camponesas dos acampamentos Tiago Campin dos Santos e Manuel Ribeiro em Rondônia, dirigidos pela LCP – Liga dos Camponeses Pobres, impuseram novamente na agenda política nacional o problema agrário e camponês, demonstrando a gravidade da luta pela terra no Brasil e o caminho da Revolução Agrária, como caminho e parte da Revolução Democrática, tão necessária à cabal constituição da Nação brasileira! Orgulhosamente, na Nova Aurora publicamos entrevista exclusiva com uma dirigente da LCP “A guerra camponesa revolucionária remexerá todo o Brasil”.

Saudamos as mulheres de nosso povo, reverenciando a memória das combatentes, que na história da luta de classes no Brasil, dedicaram com devoção desinteressada suas vidas à revolução. Sobretudo aquelas que encarnaram de forma mais profunda a ideologia do proletariado internacional e, de armas nas mãos, lutaram pela destruição dovelho Estado burocrático-latifundiário, pela Nova Democracia, pelo Socialismo no Brasil e o Comunismo em todo o mundo. Saudamos as intrépidas combatentes brasileiras nas figuras das companheiras combatentes da Guerrilha do Araguaia, militantes do Partido Comunista do Brasil. Para que todos possam conhecer um pouco dessa saga, trazemos o artigo “Nada teme, jamais se abate” Viva os 52 anos da heroica e imortal Guerrilha do Araguaia!

Nesta edição da Nova Aurora trazemos os artigos “Abaixo a criminalização do aborto e em defesa do direito à maternidade” e “Combater o estupro e toda violência sexual contra as mulheres e crianças como parte da destruição desta velha ordem de exploração e opressão”, pautas históricas dos direitos das massas femininas que hoje enfrentam uma ofensiva obscurantista em todo o mundo. Nos países imperialistas, onde foi conquistado o direito ao aborto, está em curso uma verdadeira caça às bruxas para revogá-lo. Tal como, em países dominados e oprimidos como o Brasil, onde esse direito é ainda mais restrito, partidos de extrema direita têm se articulado para ampliar a criminalização das mulheres. Cresce de forma brutal a violência doméstica, feminicídio e estupro acompanhando a degradação das condições de vida e aumento do desemprego das mulheres. Porém na mesma proporção e no sentido oposto, cresce a revolta e indignação delas contra tal situação. Saudamos as mulheres brasileiras que diante da recente tentativa de incremento punitivo com o Projeto de Lei 1904/24 que aumenta a criminalização do aborto – igualando-o absurdamente ao crime de homicídio e ao mesmo tempo contemporizando com o crime de estupro – se levantaram rapidamente tomando as ruas em todo o País, demonstrando como a canalha da extrema direita calculou mal seu movimento. Ao contrário de gerar maior comoção antiaborto, amplos setores da sociedade passaram a condenar o execrável projeto de lei.

Apresentamos nessa edição a demarcação de posição com o feminismo dito “radical” e demais correntes pós-modernas demonstrando como estão em correspondência e servem à ofensiva contrarrevolucionária do imperialismo. O feminismo burguês e pequeno burguês é um movimento necessário para a burguesia e demais classes dominantes, incentivam o suposto “empoderamento feminino”, a “representatividade” no parlamento burguês e o eleitoralismo sempre como forma de fortalecer ilusões com o sistema capitalista apodrecido e decadente. O imperialismo estimula a penetração dessas concepções no meio do movimento popular pois cumpre um papel nefasto de divisão das massas, vendendo a ilusão reformista da possibilidade de “libertação” das mulheres dentro de uma sociedade que tem na opressão feminina uma de suas bases de sustentação. Para isso têm como porta-vozes as organizações oportunistas e revisionistas no meio do movimento popular. O chamado “empoderamento” feminino (discurso da ONU repetido pelos oportunistas) não é mais do que a individualização de um problema que não pode ser resolvido dentro dos marcos do capitalismo. A concepção ideológica de tais correntes é da burguesia, de individualismo e do egoísta “bem viver”. Combatendo o reformismo e revisionismo de forma inseparável do combate ao imperialismo e a toda reação, afirmamos que a única concepção ideológica que dá rumo às mulheres do povo em direção à emancipação feminina é o marxismo, hoje, marxismo-leninismo-maoismo, principalmente maoismo, aportes de validez universal do Presidente Gonzalo, concepção científica do proletariado internacional que demonstra que a origem da opressão feminina está no surgimento da propriedade privada e da sociedade de classes, cuja base celular é a família monogâmica patriarcal. O feminismo burguês e pequeno-burguês tenta esconder que a única solução cabal para o fim da opressão feminina é a destruição do poder dos grandes burgueses e latifundiários a serviço do imperialismo. A solução passa pela questão do Poder, não o falso poder individualizado das mulheres, mas o Poder de classe do proletariado e demais classes revolucionárias. É necessário ter em alta conta que só é possível alcançar a verdadeira emancipação feminina dentro da luta de classes na luta pela revolução de Nova Democracia ininterrupta ao socialismo nos países semifeudais e semicoloniais como o Brasil, do Socialismo e sucessivas revoluções culturais proletárias e pelo Comunismo em todos os países, incorporando bilhões de mulheres na produção social, libertando-se da escravidão do lar com a industrialização dos serviços domésticos e creches com atenção multidisciplinar nos bairros e locais de trabalho e estudo, ampliando e aprofundando sua participação na luta de classes e promovendo sua elevação cultural/científica ao destruir a base sobre a qual se sustenta toda a exploração e opressão femininas. O MFP é uma organização de vanguarda e de massas de mulheres do povo. Uma organização que mobiliza e organiza as mulheres proletárias, camponesas e demais classes do campo da revolução, porém sob a hegemonia da classe operária. Isto quer dizer que a ideologia, programa e linha política do nosso movimento têm caráter de classe do proletariado revolucionário. Nosso movimento tem como objetivo geral a participação das mulheres do povo na luta de classes, nas lutas reivindicativas, na luta popular e revolucionária pela transformação dessa velha sociedade e construção de uma Nova sociedade, de uma Nova Mulher e um Novo Homem. Para desenvolver esta luta o MFP estabelece três tarefas fundamentais: a mobilização, politização e organização das mulheres do povo. É necessário e imprescindível a construção de uma organização especial de mulheres. Em primeiro lugar, porque sem a participação das mulheres exploradas e oprimidas a luta revolucionária não pode se desenvolver por completo e menos ainda triunfar e consolidar. Em segundo, porque sendo lei da sociedade que são as massas que fazem a história, ou seja, são as massas que têm a força para realizar a revolução, não se pode conceber tal processo somente com metade dessas massas. Em terceiro, porque dado o acentuado grau de opressão sobre a mulher, dos mil e um laços que a prendem à dominação, subjugação e submissão na sociedade capitalista, elas necessitam de um instrumento próprio de organização para encorajar um número cada vez maior de companheiras a lutar por seus direitos de classe pisoteados. Arregimentar forças numa mesma base de opressão, irmãs que são nesse sofrimento milenar. Impulsionar a participação e politização de contingentes crescentes de mulheres nas mais diferentes esferas da vida social e da luta de classes. Constituir verdadeiros batalhões organizados para os combates de classe, em defesa dos direitos e pela revolução social. Ao colocar esta publicação nas mãos de centenas de mulheres de nosso povo, temos a convicção de que avançaremos de maneira ainda mais firme em nossa missão de mobilizar, politizar, organizar e despertar a fúria das mulheres como força poderosa para a Revolução!

Despertar a fúria revolucionária da mulher!

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